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Foz do Iguaçu recebeu a sexta edição do Encontro Latino-Americano de Arquitetura Comunitária

Realizado pela primeira vez no Brasil, o evento reuniu profissionais e acadêmicos de diversos países da América Latina
publicado: 23/10/2024 19h02, última modificação: 23/10/2024 19h06

Mais de 200 arquitetos, arquitetas e estudantes de vários países da América Latina e de todas as regiões do Brasil se encontraram em Foz do Iguaçu entre os dias 15 e 18 de outubro para o 6º Encontro Latino-Americano de Arquitetura Comunitária (ELAC). O evento foi realizado pela primeira vez em território brasileiro, numa parceria entre a UNILA, a Ñanduti Cine e o Ilê Axé Oju Ogun Funmilayió.

Foram conferências, debates, apresentações culturais e visitas técnicas às comunidades locais durante os quatro dias de programação, que contou com patrocínio da Itaipu Binacional e o apoio do Itaipu Parquetec, do Parque Nacional do Iguaçu, da Federação Nacional dos Arquitetos e Urbanistas, do Sindicato dos Arquitetos e Urbanistas do Paraná, da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Planejamento Urbano e Regional, do Movimento dos Sem-Terra e de diversas unidades da UNILA.

O ELAC foi aberto pelo presidente da Associação Kalunga, o bioconstrutor Carlos Pereira, que mostrou as possibilidades da construção com terra como caminho popular e sustentável. Já no assentamento Antonio Companheiro Tavares, em São Miguel do Iguaçu, o principal tema trabalhado foi o papel do profissional da arquitetura no meio rural e nas pequenas e médias cidades, que conformam a maior parte do território nacional e caracterizam mais da metade da América Latina. O evento ainda visitou a comunidade quilombola de Apepu, também em São Miguel do Iguaçu, e a ocupação Bubas e o Ilê Axé Oju Ogun Funmilayió, em Foz do Iguaçu.

“Foi fundamental levar as pessoas a estes territórios, deslocando o evento científico para junto das comunidades”, afirmou Andréia Moassab, pró-reitora de Extensão da UNILA e coordenadora geral do 6º ELAC. “Não é possível pensar arquitetura comunitária apenas dentro dos muros da universidade. É preciso cada vez mais que a sociedade seja protagonista na apresentação de suas demandas para a realização dos trabalhos de profissionais e da comunidade acadêmica”, complementa.

Para Francisco Müller, arquiteto e professor da Universidad Autónoma de México (UNAM), foi muito relevante conhecer o trabalho de todos os presentes. “O envolvimento com as comunidades foi um ponto central no encontro, pois temos lutado historicamente, na América Latina, para desencastelar o fazer científico e garantir de uma vez por todas que as universidades estejam presentes no território”. Ainda, estes dias de intensos diálogos foram aproveitados para registrar “a intenção de que a UNAM e a UNILA estreitem laços que possam conduzir no futuro próximo o estabelecimento de acordos de cooperação para intercâmbios e outras atividades de colaboração entre a universidade brasileira e a mexicana, a partir, especificamente, dos seus cursos de arquitetura”, ressalta Müller.

Movimentos sociais poderão ingressar no curso de Arquitetura e Urbanismo

Durante o ELAC, a presidenta da Federação Nacional dos Arquitetos e Urbanistas (FNA), Andréa dos Santos, e a presidenta do Sindicato dos Arquitetos e Urbanistas no Estado do Paraná (Sindarq/PR), Iara Beatriz Falcade Pereira, participaram de uma reunião com a Reitoria da UNILA, docentes e coordenação do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade. Na ocasião, foi tratada a pauta da educação do campo e nas periferias das cidades, garantindo ensino superior a estudantes vindos da reforma agrária e dos movimentos de luta por moradia.

Por parte da UNILA, participaram a reitora Diana Araujo Pereira, o vice-reitor Rodne de Oliveira Lima, o pró-reitor de Graduação, Antonio Felisberto, a coordenadora do curso de Arquitetura e Urbanismo, Juliana Frigo, o professor Tiago Bastos e a professora do curso e pró-reitora de Extensão, Andréia Moassab. Além disso, estiveram presentes Maria de Lourdes Lopes, do Movimento Nacional de Luta pela Moradia (MNLM), João Huguenin, do Ministério das Cidades, e o arquiteto e urbanista Gustavo Grzybowski, do Itaipu Parquetec.

Segundo a presidenta da FNA, a proposta é formar uma turma de Arquitetura e Urbanismo através do Programa Nacional de Educação da Reforma Agrária (Pronera), do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). “A ideia é voltada para assentados da reforma agrária, como forma de pavimentar o acesso à arquitetura em todos os cantos, ao mesmo tempo em que formamos profissionais voltados para as demandas do movimento social e para atuarem com outros trabalhadores e na administração pública”, explica.

Na mesma ideia, também foi proposta a formatação de uma política semelhante para estudantes integrantes dos movimentos de luta pela reforma urbana. “É uma possibilidade e intenção da UNILA abraçar este projeto de educação voltada para a reforma urbana, e, como forma piloto, estamos avaliando a possibilidade de, inicialmente, abrir vagas no nosso curso regular, inseridas nas políticas afirmativas da Universidade", afirma a professora Andréia Moassab.

Do mesmo modo, o vice-reitor, Rodne Lima, compreende e apoia a iniciativa. “Para a UNILA, o diálogo permanente com os movimentos sociais colabora, por um lado, com a consolidação da função social da universidade pública e, por outro lado, representa inovações significativas no âmbito da educação profissional no país”.

No que diz respeito ao Itaipu Parquetec, Gustavo Grzybowski comenta que “a parceria com o curso de Arquitetura e Urbanismo da UNILA pode ser extremamente profícua nos diversos projetos especiais que temos feito, como a Casa da Mulher Brasileira e demais ações previstas para o Oeste paranaense”.