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Estudantes da UNILA visitam Memorial da Coluna Prestes
Uma comitiva formada por estudantes brasileiros, colombianos, cubanos, haitianos, hondurenhos e paraguaios, dos cursos de Antropologia, Ciência Política e Sociologia, e Relações Internacionais e Integração, acompanhou o cineasta Luís Carlos Prestes Filho em uma visita ao Memorial da Coluna Prestes, no município de Santa Helena (PR). O cineasta é filho de Luís Carlos Prestes, líder de uma das maiores marchas revolucionárias do Brasil e do mundo.
A visita aconteceu como parte da proposta do curso de Ciência Política e Sociologia da UNILA de comemorar o centenário da Coluna Prestes, em abril de 2025. Com aprovação no orçamento participativo da Universidade do próximo ano, a proposta da visita ao monumento da Coluna Prestes integra um conjunto de ações interdisciplinares, articuladas, de natureza acadêmica e dimensão institucional. "Nós desejamos fazer além de encontros acadêmicos, seminário internacional, elaboração de textos e de revista digital relacionada a este marco histórico. Pretendemos, ainda, fazer algumas atividades de natureza cultural para que se dê visibilidade ampla ao tema na cidade de Foz do Iguaçu e região", detalhou o professor José Renato Viera Martins, idealizador da proposta.
"Voltar para santa Helena e para o Memorial da Ponte Queimada onde o amigo e arquiteto Oscar Niemeyer projetou esse marco de 25m de altura é um momento que demostra pra mim que vale a pena ser persistente, que vale a pena insistir na luta pela memória do Brasil", comenta Luís Carlos Prestes Filho.
Memorial da Coluna Carlos Prestes no Oeste do Paraná
O Memorial, inaugurado em maio de 1996, em Santa Helena, no Oeste do Paraná, lembra que a coluna passou por ali na década de 1920, quando fugia de tropas governistas. O monumento representa, com seus 25 metros de obra, os 25 mil quilômetros percorridos pela Coluna Prestes pelo Brasil até sua dispersão na Bolívia. A rota percorrida por Luís Carlos Prestes, o "Cavaleiro da Esperança", que se insurgiu contra o governo de Arthur Bernardes, foi retratada em um obelisco idealizado pelo arquiteto Oscar Niemeyer. O reconhecido arquiteto e amigo de Luís Carlos Prestes também projetou a nova sede da UNILA, o Campus Arandu, obra de importantíssimo valor arquitetônico para Foz do Iguaçu.
O monumento em memória da marcha político-militar que atravessou, de 1924 a 1927, 13 estados brasileiros em defesa da educação popular, do voto secreto e da reforma agrária representa os locais por onde Prestes e sua tropa passaram durante a luta revolucionária. O grupo de soldados composto especialmente por trabalhadores do campo era formalmente chamado de 1ª Divisão Revolucionária e foi a principal expressão do movimento tenentista que visava derrubar o regime oligárquico em defesa da democracia, da distribuição de terras e da educação pública.
Embora o levante não tenha conseguido derrubar o governo, segundo José Renato Vieira Martins, “a marcha nunca foi derrotada militarmente”, e a coluna segue como exemplo de luta que gerou mudanças em 1930 e contribuiu para o fim da República Velha. Desde então, Luís Carlos Prestes é conhecido como o "Cavaleiro da Esperança", tornando-se um emblema da luta pela democracia e justiça social no Brasil.
Preservação e difusão da memória
Foz do Iguaçu foi palco de um momento crucial da marcha, que reuniu cerca de 1,5 mil pessoas ao longo de dois anos e meio. Foi aqui que as forças vindas de São Paulo juntaram-se às tropas de Prestes, que vinham do Rio Grande do Sul. Sobre isso, o professor José Renato reforça o compromisso e a missão com o resgate da memória na região. “Hoje, ao completar 100 anos deste episódio, é de suma importância a preservação e difusão da memória coletiva regional”, disse.
Henrique Buriti, estudante de Relações Internacionais e Integração, destaca que “a Coluna Prestes passou por aqui e muitas pessoas não sabem disso, uma história que é muito representativa, simbólica e importante para a memória de Foz do Iguaçu e região”.
Ao final da jornada, os alunos lembraram o valor de rememorar Luiz Carlos Prestes e seu legado. “Nós achamos que é uma data importante porque dialoga com a história do Brasil. Mas, além disso, possui vínculos com a história de outros países da América Latina”, acrescenta Buriti, que também reafirmou a vocação dos estudantes da UNILA com a reconstrução da identidade histórica da região, a partir da integração latino-americana. "Esse marco em Santa Helena mostra que o povo brasileiro tem memória, que é possível homenagear aqueles que construíram a democracia no Brasil", conclui Luís Carlos Prestes Filho
E você já conhece o Memorial Coluna Prestes? Se não conhece, vale uma visita. O memorial fica às margens da PR 488, na divisa entre Santa Helena e Diamante D'Oeste.
*Com informações do Jornal Brasil de Fato