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SIEPE reúne 351 projetos de Iniciação Científica e ações de extensão

Os trabalhos, realizados por estudantes dos cursos de graduação, serão apresentados nos dias 30 e 31 de outubro
publicado: 25/10/2024 13h47, última modificação: 25/10/2024 15h53

A 6ª SIEPE terá a apresentação de 196 projetos de Iniciação Científica e 155 ações de extensão, oferecendo uma oportunidade para que a comunidade conheça a produção acadêmica dos estudantes dos 29 cursos de graduação. As apresentações serão realizadas nos dias 30 e 31 de outubro e são abertas ao público.

Uma amostra das pesquisas e ações de extensão, voltadas especificamente para Foz do Iguaçu, pode ser conferida na seleção abaixo. Mais informações sobre a programação e o ensalamento das apresentações podem ser conferidas na página da SIEPE.

 

 

Hotéis e turismo

A estudante de Engenharia de Energia, Katherine Rojas Salazar, construiu um banco de dados para extrair e analisar notas, datas e comentários de hóspedes sobre dois hotéis de Foz do Iguaçu. Os dados foram levantados em sites de reservas de vagas, compreendendo o período de 2014 e 2024. “Com a crescente utilização de plataformas digitais para avaliação de hospedagens, os dados gerados por usuários tornaram-se uma importante fonte de informação para compreender o desempenho e a qualidade dos hotéis”, explica a estudante em seu artigo.

Dados gerados por usuários tornaram-se uma importante fonte de informação para compreender o desempenho e a qualidade dos hotéis

O banco de dados foi estruturado para armazenar informações como: nome, nota de avaliação, data e texto do comentário feito pelos hóspedes sobre sua experiência. “A análise desses dados teve como objetivo auxiliar hoteleiros na identificação de tendências, pontos fortes e fracos, além de automatizar o processo de extração e análise das avaliações ao longo da década”, comenta Katherine.

Os dados coletados foram analisados quantitativamente – identificação de padrões nas notas – e qualitativamente –extração de insights dos comentários. “A análise indicou variações significativas nas notas ao longo do tempo, com uma tendência de crescimento nas avaliações após 2017, provavelmente em resposta a melhorias estruturais e de serviços implementadas pelos hotéis”, afirma. Segundo ela, “a automação das tecnologias de coleta de dados mostrou-se eficiente e com potencial para ser replicada em outros destinos turísticos”.


 
Melhoria de solos

cristian_Paqui_Seraquive.jpegConstruir em solos moles requer soluções técnicas como a estabilização química com cimento, que tem bons resultados, mas um custo elevado. Ao mesmo tempo, milhares de toneladas de resíduos da construção e demolição são dispensados na natureza, tornando-se um problema ambiental. Pesquisas estão mostrando que esses resíduos têm bons resultados quando utilizados para o enriquecimento de solos moles e argilosos, como o encontrado na região de Foz do Iguaçu.

Demonstrar essa viabilidade foi o objetivo do estudante de Engenharia Civil de Infraestrutura, Cristian Baudilio Paqui Seraquive, em seu projeto de pesquisa. Ele avaliou o uso de resíduos de concreto na fração fina (resíduos menores que 2mm), através de diferentes porcentagens (0%, 5%, 10% e 15%) para o melhoramento de solos moles. O resultado comprovou tanto o enriquecimento das propriedades físicas do solo após a aplicação dos resíduos como a resistência do material à compressão.

Cristian diz que o uso de resíduos diminui custos, especialmente, em grandes obras de infraestrutura, que têm mais exigências, mas também promove ganhos ambientais. “O modelo atual de produção consome até 75% dos recursos naturais, gerando problemas ambientais, econômicos e sociais”, escreve o estudante em seu artigo. Em Foz do Iguaçu, só no ano de 2018, foi registrada uma produção de mais de 160 mil toneladas de resíduos de construção.

Para ele, a participação no projeto de pesquisa foi importante para obter mais informações na área de Geologia. “Quero aplicar meus conhecimentos também em meu país”, diz ele ,que é do Equador.


 

Mata Atlântica

ana_beatriz.jpegFoz do Iguaçu tem 18 áreas de fragmentos florestais de Mata Atlântica definidas como prioritárias pelo Plano Municipal de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica, criado em 2020. Elaborar uma chave de identificação ilustrada das espécies em seis dessas áreas foi o objetivo da pesquisa de Ana Beatriz Monteiro, do curso de Ciências Biológicas - Ecologia e Biodiversidade. A chave de identificação – um tipo de guia com as características de cada espécie – facilita o trabalho de pesquisadores e gestores ambientais. “É um trabalho que vai auxiliar o Plano Municipal porque, para que esse plano seja bem feito, é preciso saber que espécies há em cada fragmento”, explica Ana Beatriz. “Espero que a pesquisa ajude na gestão do Plano futuramente e também em trabalhos relacionados às florestas da Mata Atlântica da região.”

Com seu trabalho, ela conseguiu identificar 134 espécies, distribuídas em 100 gêneros e 40 famílias, sendo 119 espécies nativas e 15 espécies exóticas, presentes em seis das 18 áreas prioritárias do município: Bosque dos Macacos, Horto Municipal, Mata Verde, Marco das Três Fronteiras, Parque Nacional do Iguaçu e Trilha do Vietnã. As espécies coletadas foram herborizadas e incorporadas ao acervo do Herbário Evaldo Buttura (EVB). “Foi maravilhoso poder desenvolver esse projeto. A botânica é a área que eu quero seguir e consegui aplicar o que eu vi nas disciplinas e ainda aprendi a coletar corretamente, a fazer a identificação e, agora, a fazer a chave também.”


 

Comunicação pública 

A transparência e a democracia digital – possibilitada pelo uso das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) – são relevantes para governos e instituições, que nas últimas décadas vêm aprimorando ferramentas e possibilitando o acesso do cidadão. “As TICs contribuem para melhorar os serviços públicos, a eficiência dos processos na gestão pública, a transparência e a comunicação pública, assim como propiciam a participação cidadã e, em última instância, a promoção de uma governança mais aberta e transparente”, explica em seu artigo Samuel Morancy, estudante de Ciência Política e Sociologia.

Em seu projeto de iniciação científica, Samuel estudou os processos de comunicação digital das Câmaras Municipais de Foz de Iguaçu, Toledo e Cascavel; regulamentos e orçamentos; o conteúdo dos sites institucionais; e entrevistou os responsáveis pelas áreas.

Graças às tecnologias de comunicação e de informação, elimina-se a velha oposição entre participação e representação na política

O pesquisador percebeu que a pandemia de COVID-19 influenciou em muito a lógica da normalização da comunicação pública digital, permitindo que vereadores realizassem as sessões virtualmente. Essa normalização também contribuiu para a aproximação da comunidade “especialmente, no que diz respeito à informação, educação e diálogo com a população”.

Para Samuel, as iniciativas de abertura por parte das Câmaras aproximam-se de aspectos relevantes de uma democracia participativa ou deliberativa. “Contrariamente ao que possa parecer, todos esses empreendimentos participativos visam restaurar e reforçar a democracia representativa em situação de crise. Graças às tecnologias de comunicação e de informação, elimina-se a velha oposição entre participação e representação na política”, afirma, ressalvando que ainda existem exigências para o pleno exercício da democracia representativa que não podem ser contempladas pelas TICs.


 

História e Tríplice Fronteira

O arquiduque Karl Albrecht, nobre da Casa da Áustria (Habsburgo), esteve na região da Tríplice Fronteira, em 1937, para uma expedição que tinha por objetivo explorar e conhecer o território com a finalidade de instalar uma propriedade agrícola. A expedição deixou em Foz do Iguaçu caixas que eram parte do conteúdo trazido para a expedição.

Partindo dessa informação, a estudante Alissa Yuri Sasaki desenvolveu seu projeto de pesquisa com o objetivo de analisar possíveis publicações em jornais do Brasil a respeito da viagem de Karl Albrecht e analisar a lista de equipamentos contidos nas caixas. “Cada item foi investigado individualmente, com o objetivo de compreender a finalidade da expedição e as possíveis pesquisas a serem realizadas [na região]”, explica a estudante em seu artigo, concluindo que tratavam-se de equipamentos de laboratório e farmácia.

Com o desenrolar da Segunda Guerra Mundial, os equipamentos do arquiduque foram apreendidos, suspeitos de serem destinados à espionagem. “Mais provavelmente tratava-se de materiais de experimentos e pesquisas do que itens para a espionagem”, escreve Larissa, observando que a lista continha medicamentos e materiais de primeiros socorros.

Apenas duas notícias de jornal foram encontradas durante a pesquisa sobre a expedição de Karl Albrecht. Ambas referem-se às apreensões dos materiais. “Os registros sobre sua passagem pela Tríplice Fronteira foram escassos na mídia”, afirma ela.

 

Música e cultura

ciclo_sonoro.pngO projeto Ciclo Sonoro vem promovendo,há 10 anos, concertos, recitais, shows e outras atividades abertas ao público na Tríplice Fronteira, levando cultura e informação musical e artística a diferentes camadas sociais. O projeto está vinculado ao curso de Música da UNILA e já trouxe para a cidade artistas de carreira consolidada e de renome no cenário musical mundial.

Além de realizar eventos culturais para a população, o projeto Ciclo Sonoro também contribui para o crescimento acadêmico dos estudantes que participam das ações. Carlos Andres Ramos Fernández é aluno de Cinema e Audiovisual e, como integrante, utiliza seus conhecimentos na divulgação de cada um dos eventos promovido “desde o pôster do programa até matérias audiovisuais incluindo entrevistas, imagens de apoio e outros recursos”, explica. “Também faço os programas dos concertos. E fiz algumas lives.”

Para ele, a participação no projeto ajuda a aprimorar o que aprende em sala de aula. “Estou treinando mais meus conhecimentos de montagem e como, a partir dos planos registrados, consigo capturar a essência de cada concerto, palestra, evento”, comenta. O projeto traz outros aprendizados para Carlos, que também é músico. “Contribuiu para enriquecimento na área, conhecendo novas músicas e propostas.”


 

Cuidados paliativos

Desenvolvido junto ao Hospital Municipal Padre Germano Lauck, o projeto “Escola de Cuidadores: compartilhando conhecimento com cuidadores de pacientes em cuidados paliativos” nasceu para ter como foco principal familiares de pessoas que necessitam atenção especial, oferecendo informação e treinamento.

Cuidados paliativos é uma abordagem que busca trazer qualidade de vida a pacientes e famílias que enfrentam uma doença que ameaça a vida, através da prevenção, cuidados básicos de saúde e alívio do sofrimento.

Todos os dias tem paciente em cuidados paliativos e, todos os dias, a gente presencia sofrimentos, porque existe desconhecimento do tema

Na Escola de Cuidadores, já existente no hospital, houve aulas sobre cuidados técnicos com pacientes, alimentação e adaptações necessárias, entre outros temas. Nos momentos em que teve contato com os familiares dos pacientes, Larissa Dalolio Valente, estudante de Medicina e integrante do projeto, dedicou-se a esclarecer o conceito de cuidados paliativos porque, na maioria das vezes, as pessoas não entendiam as informações que recebiam. “Via diferentes percepções e, na maioria das vezes, distorcidas. Então, eu fazia esses trabalho de educação e consegui perceber que os familiares conseguiam compreender melhor o tema com as explicações que eu adaptava”, conta.

Larissa constatou que muitos profissionais atuando no hospital também precisam mais informações. “Faltava uma base. Eu estava tentando educar a comunidade, mas internamente, muitos profissionais não sabiam o que são cuidados paliativos”, pontua.

A partir dessa observação, foi criada uma comissão específica para atuar nessa área. A comissão é formada por profissionais de diferentes setores e, em novembro, irá realizar um simpósio sobre cuidados paliativos. “Participar do projeto e poder fazer esse diagnóstico foi fundamental. Todos os dias tem paciente em cuidados paliativos e, todos os dias, a gente presencia sofrimentos, porque existe desconhecimento do tema”, observa Larissa. 


 

Crianças e adolescentes

jose_alfredo_amaro_montesinos.jpegGarantir a capacitação continuada de diferentes atores sociais para a efetivação do Sistema de Garantia de Direitos da Criança e do Adolescente em Foz do Iguaçu é o objetivo do projeto no qual atuou Jose Alfredo Amaro Montesinos, estudante de Serviço Social.

No trabalho, que durou um ano, Jose Alfredo teve a oportunidade de trocar informações com docentes e outros estudantes, com gestores municipais e Conselho Tutelar, além de atuar diretamente com crianças e adolescentes entre 6 e 18 anos.

Para as crianças e adolescentes, foram realizadas oficinas lúdicas no Centro Comunitário Vila C e junto ao projeto "Um Chute para o Futuro", com abordagens criativas para a discussão de temas como sexualidade e gravidez na adolescência; autoestima; família e aspirações; e valores (empatia, amizade e companheirismo).

Como resultado, foi registrada a participação de 270 crianças e adolescentes; 12 profissionais das áreas de Psicologia, Administração e Serviço Social, de 4 instituições e de 6 estudantes voluntários. “A implementação do projeto de extensão permitiu perceber a preocupação da universidade com a comunidade e posicioná-la como um espaço que se pode frequentar”, afirma Jose Alfredo em seu artigo.

Ele comenta que o projeto foi importante porque possibilitou a ele “ter contato, pela primeira vez, com crianças e adolescentes para falar sobre direitos e pôr em prática" conhecimentos obtidos nas aulas de seu curso.


 

Planejamento comunitário

Jordan Esquivel Falcon, estudante de Arquitetura e Urbanismo, atua na Comunidade Monsenhor Guilherme, em discussões e atividades de planejamento comunitário – multidisciplinar e participativo. A intenção é elaborar projetos que possam substituir (ou evitar) o deslocamento dos moradores para conjuntos residenciais distantes do centro. A Comunidade está localizada às margens do Rio Paraná, no centro da cidade, em local de proteção ambiental.

Para isso, o estudante, junto com a equipe do projeto, atua com Assessoria para Habitação Social (ATHIS). Os modelos de ATHIS procuram assegurar que famílias de baixa renda recebam assistência técnica pública e gratuita para a elaboração de projetos, acompanhamento e execução de obras de edificação, reforma, ampliação ou regularização fundiária.

Durante a execução do projeto, Jordan desenvolveu uma linha do tempo para contextualizar a história do local que, através de uma compilação de dados urbanos, estudos etnográficos, processos legais e um cronograma de atividades, ajuda “a fortalecer a consolidação de um espaço de apropriação”.

Ele explica que, a linha de tempo “é incorporada como um agente articulador de recursos que ajuda a melhorar as frentes de demanda”, sempre com a participação dos moradores. “A Comunidade Monsenhor Guilherme busca se consolidar como uma associação de moradores e de luta por moradia”, comenta em seu artigo.

Outras comunidades atendidas no projeto são a Comunidade Quilombola Apepu e a Horta do Seu Zé e Dona Laíde, por sua localização próxima a limites de Unidade de Preservação Ambiental; e a Comunidade Arroio Dourado, em processo judicial que visa a desocupação do território, que já foi o lixão da cidade.


 

Teatro científico

teatro_cientifico.pngO evento Teatro Científico Tríplice Fronteira é uma união do espetáculo teatral “O Guardião dos Cristais” com uma exposição sobre o conceito de cristalização.

A bolsista do projeto, Marina Vieira dos Santos, que é estudante de Química (licenciatura), diz que, além de promover o contato do público com uma peça teatral, o projeto tem por objetivo intensificar a divulgação científica, contribuindo para o ensino de ciências ofertado na educação básica das escolas da região de Foz do Iguaçu.

A história e roteiro da peça, explica Marina em seu artigo, foram escritos pela equipe, “explorando as deias e contribuições de todos”. “Além da história que explora conceitos sobre o processo de cristalização, a peça conta com experimentos de Química que complementam a história e despertam a curiosidade do público.” A exposição é composta por cinco estandes onde são realizadas atividades investigativas, lúdicas, interativas e tecnológicas.

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