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Processo Seletivo

Edital do Sisu 2018 traz cotas para pessoas com deficiência

Esta é a primeira seleção com esse tipo de cota; na UNILA, um grupo multidisciplinar está preparado para receber aqueles que precisam de atendimento diferenciado
publicado: 21/01/2018 23h00, última modificação: 11/01/2019 23h19
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Equipe do Núcleo de Acessibilidade e Inclusão

Em 2018, o processo seletivo de estudantes brasileiros na UNILA traz uma novidade: cotas destinadas especificamente para pessoas com deficiência. As cotas atendem a legislações e decreto federais, que regulamentam as ações afirmativas nas universidades e estabelecem os direitos das pessoas com deficiência. Das 710 vagas que a Universidade ofertará para estudantes brasileiros neste ano, 52% serão destinadas a cotistas.

As vagas reservadas às cotas são subdivididas da seguinte maneira: 50% são designadas a estudantes com renda familiar bruta igual ou inferior a 1,5 salário mínimo per capita; 28,5% destinadas a pretos, pardos e indígenas; e 21,83% de vagas para pessoas com deficiência. Dessa forma, quase todos os cursos da UNILA terão pelo menos uma vaga para pessoas com deficiência - com exceção do curso de Arquitetura e Urbanismo (confira, ao final da reportagem, um infográfico sobre a distribuição das vagas).

Conforme explica a chefe do Núcleo de Apoio à Acessibilidade e Inclusão (NAAI) da UNILA, Tahiana Borba Coelho, o estudante que se inscrever no Sisu como cotista, concorrendo às vagas reservadas para pessoas com deficiência, terá que se submeter a uma banca de avaliação, que atestará se a pessoa realmente se enquadra nos critérios. “A banca vai conferir o Código Internacional de Doenças (CID), ou seja, vai identificar qual deficiência a pessoa tem”, destaca. A técnica em Assuntos Educacionais Daiane Araújo Bulsing completa que todo o processo se baseia em legislações específicas e critérios bem definidos. “Essa banca é constituída essencialmente por profissionais da saúde e profissionais da pedagogia capacitados para dar esse veredito. O que valida mesmo é o laudo médico”, acrescenta.

O Núcleo de Apoio à Acessibilidade e Inclusão

Na UNILA, existe um grupo multidisciplinar de profissionais dedicados a atender as necessidades das pessoas com deficiência. Trabalham no setor, além de Tahiana e Daiane, os intérpretes de Libras Maria do Socorro Ferreira, Natan Reis Azarias, Roberto Bernal Mazacotte e Rosangela Marcílio Bogoni; a psicóloga Helen Jane Passeri; a pedagoga Lorena Silva Martins; e o assistente social Sérgio Luiz Ferreira.

O Núcleo de Apoio à Acessibilidade e Inclusão atende no Jardim Universitário, na sala C105. O contato pode ser feito pelo e-mail nucleo.acessibilidade@unila.edu.br, ou telefone (45) 3529-2159.

As pessoas costumam ter interesse pelo tema da deficiência a partir do momento em que elas conhecem alguém ou convivem. A preocupação é mobilizar e conscientizar todo mundo

O trabalho, entretanto, é complexo, conforme ressalta Daiane. “Muitas vezes, não é só a questão da deficiência, por isso temos esta equipe multidisciplinar, porque também atuamos em questões pedagógicas, sociais, psicológicas, entre outras”. A preocupação vai além meramente do ingresso do estudante na Universidade, mas exige atenção principalmente em relação à permanência dos discentes. Conforme explica Tahiana Borba Coelho, a UNILA já tinha, no início do ano de 2017, 58 estudantes com algum tipo de deficiência que haviam ingressado na Universidade, porém, por meio de ampla concorrência. De certa maneira, isso dificultava a própria identificação de quem eram os estudantes que precisavam do trabalho do Núcleo - a partir do ingresso através das cotas, este contato inicial já será facilitado. A técnica em Assuntos Educacionais Daiane Araújo Bulsing complementa observando que, “apesar de a deficiência ser historicamente comprovada, essas pessoas não tinham visibilidade. E a questão das cotas é uma questão de visibilidade”.

Equipe do Núcleo de Acessibilidade e Inclusão

O assistente social Sérgio Luiz Ferreira acrescenta que, em todo o Brasil, a evasão de estudantes com deficiência é muito grande. “Por isso, temos de trabalhar em cima da permanência desse aluno. O deficiente já chega num lugar de desigualdade e, acompanhado da deficiência, tem o problema social, tem o problema psicológico. Por isso estamos procurando ficar mais próximos desses estudantes. Este é o objetivo do Núcleo”, frisa.

Além das deficiências, há outras questões que exigem a atenção do NAAI, conforme aponta a pedagoga Lorena Silva Martins. “Há estudantes que não têm deficiência, mas têm transtornos de aprendizagem, que são outra coisa. Eles não são respaldados pela lei, porém têm de ser atendidos”, destaca. E, à parte de todas essas problemáticas, os profissionais vinculados ao Núcleo também atuam em frentes como etnia, sexualidade, questões de gênero. “Temos que pensar em ações de inclusão que estão para além da deficiência”, pondera.

Atendimento personalizado

Cada pessoa com deficiência necessita de um tipo de atendimento, que varia conforme as especificidades da doença. Por exemplo, um estudante surdo precisa do apoio dos intérpretes de Libras que, para poderem traduzir as aulas, precisam, por sua vez, de um contato prévio com os professores e do acesso aos materiais das aulas. “A gente busca conversar com o professor um tempo antes de começarem as aulas; orienta, dizendo que vai participar das aulas e fazer toda a comunicação”, explica o intérprete Roberto Bernal Mazacotte.

E antes mesmo da questão da tradução em si, existe uma acepção cultural de que a Universidade é inacessível para o surdo. “A maioria deles tem um grande problema histórico em relação à educação em primeira língua. Eles acabam chegando com bastante resistência”, relata Mazacotte. Por isso, o Núcleo atua também com vistas a desmistificar essa ideia e mostrar ao surdo que a Universidade também é para ele.

Além disso, apesar de hoje a estrutura do Núcleo ser vinculada à Pró-Reitoria de Graduação, o NAAI presta atendimentos a discentes da pós-graduação, docentes e servidores técnico-administrativos. A chefe do Núcleo, Tahiana, lembra que também é uma das ações da equipe a aquisição e disponibilização de equipamentos acessíveis para quem necessita, tais como tablets específicos para estudantes com baixa visão, ou fones de ouvido especiais para pessoas com deficiência auditiva.

Atuação externa

Capacitação para o atendimento a pessoas com deficiência

E a atuação do NAAI não se restringe à Universidade. A equipe também tem prestado apoio a outras instituições - seja atendendo a alunos ou auxiliando em eventos, por exemplo. Uma das ações mais marcantes do Núcleo é a participação ativa no Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência de Foz do Iguaçu. “Também estamos fazendo parte das audiências públicas [da Câmara Municipal de Foz do Iguaçu] sobre as Dificuldades das Pessoas com Deficiência, que vão ter continuidade. A gente não quer que seja apenas uma audiência e fique ali. Buscamos que os trabalhos sejam feitos de verdade”, relata Tahiana. “Queremos ir a fundo nessas discussões, buscar soluções para trazer melhoria ao cotidiano dessas pessoas”, complementa.

Para Daiane, “o Núcleo de Acessibilidade extrapola essa questão do serviço para se tornar um lugar de pensar a política de ações afirmativas”. A psicóloga Helen Jane Passeri alerta que “a Universidade tem de estar à frente sobre questões da pesquisa sobre a deficiência”. Nessa perspectiva, O NAAI está planejando, para este ano, uma série de atividades - como ciclo de palestras, oficinas e debates, buscando visibilizar as pessoas com deficiência, além de conscientizar sobre o tema. “As pessoas costumam ter interesse pelo tema da deficiência a partir do momento em que elas conhecem alguém que tenha deficiência, ou convivem, ou quando elas mesmas têm alguma deficiência. Se não for assim, as pessoas não se interessam, não se atentam. A nossa preocupação é mobilizar e conscientizar todo mundo”, salienta Tahiana.

Entre outras ações, o Núcleo tem atuado na formação continuada de professores da rede estadual de ensino. Conforme relatou a psicóloga Helen, o trabalho já iniciado em 2017 passa, primeiramente, pelo nivelamento dos conhecimentos sobre as deficiências, quais as dificuldades e os desafios enfrentados em sala de aula. “Eles nos solicitaram esse apoio, tendo em vista que as salas são de 35, 40 alunos, mais esse aluno deficiente, a quem muitas vezes eles [professores] não têm o suporte para atender”, aponta.

Embora a equipe multidisciplinar tenha sido formada há pouco tempo, o trabalho do NAAI já tem sido amplamente reconhecido, como observa o intérprete de Libras Natan Reis Azarias. “Numa ocasião em que o Conselho Municipal nos fez uma solicitação de intérpretes, eles nos disseram que o Núcleo de Acessibilidade da UNILA é o órgão de apoio a pessoas com deficiência mais atuante de Foz do Iguaçu. Eles elogiaram inclusive pelo fato de estarmos fazendo parte das discussões, além, é claro, de sempre cedermos intérpretes para a comunidade”, relata.

Edital em Libras

Os candidatos interessados em participar do Sisu - cujas inscrições estarão abertas entre os dias 23 e 26 de janeiro - poderão acessar, também, o edital em Libras. Confira: 

Infografia sobre cotas para pessoas com deficiência