Você está aqui: Página Inicial > Notícias > UNILA: 15 anos contribuindo para o desenvolvimento do território
conteúdo

Identidade UNILA

UNILA: 15 anos contribuindo para o desenvolvimento do território

Profissionais formados em diferentes áreas pela Universidade contam um pouco de sua trajetória e trabalho diário na cidade e região
publicado: 12/01/2025 08h00, última modificação: 11/01/2025 14h31

USelo 15 anos.pngm dos objetivos mais importantes de uma universidades é formar profissionais que possam contribuir para o desenvolvimento da sociedade. Em seus 15 anos de existência, completados neste domingo (12), a UNILA possibilitou a formação de inúmeros profissionais que passaram por seus 29 cursos de graduação e 12 de pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e residência) e que hoje estão distribuídos por vários países e, principalmente, em Foz do Iguaçu e região.

"Para a UNILA, poder contribuir com o desenvolvimento local é tão importante quanto estar atenta ao desenvolvimento de toda a região latino-americana e caribenha. Temos uma missão institucional muito explícita: na sua lei de criação, a prioridade de atuação nas fronteiras, e no próprio nome da UNILA, a integração regional. Termos egressos e egressas atuando na cidade, na fronteira, nos orgulha e nos fortalece. A UNILA estará sempre de portas abertas para priorizar a relação de cooperação e sinergia com os poderes locais", diz a reitora da UNILA, Diana Araujo Pereira.

 Os unileiros estão presentes em diferentes áreas e levam a certeza de estar trabalhando para um futuro melhor para as comunidades onde atuam. Conheça a seguir a trajetória de alguns dos egressos da UNILA.

Faixa matéria.png

 Saúde

Geiza_01.jpeg
Geiza durante atendimento domicilar: trabalho gratificante

Geiza Lemos Hein Sant'Anna formou-se em Medicina em 2020, mas desde antes disso ela já desenvolvia atividades na rede de saúde de Foz do Iguaçu e Santa Terezinha de Itaipu, no internato e outras ações ligadas ao curso. Há três anos, ela atua em Medicina da Família e Comunidade na rede de saúde pública de Foz do Iguaçu. “Saúde da Família é muito interessante. A gente trabalha com um território conhecido, pode ver a comunidade de perto, o dia a dia das pessoas, e ver a realidade sendo mudada”, comenta. Como exemplo, ela conta que acompanhou gestantes no pré-natal e que hoje chegam com os filhos já na educação infantil.

Geiza também destaca os resultados com educação em saúde, atividade que desenvolve em sua rotina. “A educação em saúde pode transformar a vida da pessoa. Dá a ela mais autonomia e qualidade de vida a ponto de evitar doenças. A orientação adequada, através da paciência, ali, no dia a dia, ensinando a usar um medicamento adequado, isso também dá qualidade de vida para a pessoa”, exemplifica. “Ver idosos tendo mais autonomia, mais habilidade para entender a doença que têm e poder viver de uma maneira mais equilibrada, isso é um uma grande vitória.”

Sobre a contribuição da Universidade para a comunidade, Geiza comenta que tem vários colegas formados na UNILA trabalhando na rede pública de Foz e em cidades como Medianeira e Matelândia, e também aponta a presença de estudantes de Medicina no trabalho rotineiro das unidades de saúde, que, frequentemente, têm alta demanda. “É muito interessante perceber o quanto é importante a presença da UNILA no dia a dia do trabalho da saúde. Durante toda a graduação, os estudantes estão inseridos no campo de estágio e, hoje, o serviço de saúde não consegue funcionar se não tiver alunos. Isso faz toda a diferença.”

Faixa matéria.png

Cidadania

Rafaela2.jpeg
Rafaela Buono: “É muito gratificante poder contribuir para o desenvolvimento da cidade

Cuidar para que a gestão pública atue com mais eficiência e transparência é o objetivo do Observatório Social de Foz do Iguaçu onde Rafaela Marçal Buono, graduada na primeira turma de Administração Pública e Políticas Públicas, é coordenadora.

Há cinco anos trabalhando nessa organização não governamental, ela vê como essencial a formação de profissionais comprometidos com o desenvolvimento social. “É fundamental para o impacto social, desenvolvimento, inovação, ética, responsabilidade”, diz.

Como coordenadora, Rafaela encarrega-se de organizar atividades de monitoramento das contas do município – prefeitura, autarquias e também a Câmara Municipal. As ações são executadas por voluntários de diferentes áreas como educação, saúde, meio ambiente, direito, contabilidade. “Eles nos auxiliam nos processos, até porque, a gente não tem toda a expertise em todas as áreas do conhecimento”, explica.

Além do monitoramento da gestão pública, o Observatório também dedica-se a estimular um ambiente de negócios local. “Semanalmente, publicamos nas nossas redes sociais um cronograma das licitações em aberto”, conta Rafaela. “A gente quer contribuir para que mais empresas locais participem das licitações do nosso município e que os recursos possam continuar aqui”, explica. Sugerir melhorias aos gestores público e promover a educação fiscal também estão no rol das atividades.

Estudantes da UNILA auxiliam no trabalho desenvolvido pelo Observatório. “Temos uma parceria com a Universidade e atuamos fazendo projetos com os acadêmicos, construindo indicadores de saneamento básico, educação, saúde e economia do município”, pontua. Um dos indicadores construído em parceria com a UNILA foi premiado em 2023.

Além dos indicadores de licitações e arrecadação, o Observatório disponibiliza a produção legislativa, um mapa interativo de obras públicas em andamento e um aplicativo, ainda em desenvolvimento, para que o cidadão possa enviar fotos e comentários sobre obras públicas.

Para ela, Foz tem um grande potencial de desenvolvimento nos próximos anos com atração de investimentos, infraestrutura e serviços, principalmente, por estar na Tríplice Fronteira. “É uma cidade ainda com muitos desafios e, por isso, é essencial investir em educação, em qualificação de profissionais e em práticas sustentáveis”, avalia. “É muito gratificante poder contribuir, enquanto equipe do Observatório, para esse desenvolvimento."

Faixa matéria.png

Urbanismo

lucca.png
Lucca Gonçalves: promover o senso de responsabilidade social

Lucca Gonçalves é arquiteto e urbanista da Secretaria Municipal de Planejamento e Captação de Recursos, em Foz do Iguaçu, onde atua há três anos. Atualmente, ele faz parte da Diretoria de Uso e Ocupação do Solo, trabalhando com a análise e aprovação dos projetos de novos bairros e loteamentos na cidade, bem como outras questões urbanísticas como decretos de utilidade pública da Ocupação Bubas e do Espaço das Américas.

Para ele, a universidade deve ir além de formar profissionais tecnicamente competentes. “Também deve promover o senso de responsabilidade social e capacidade de adaptação a contextos diversos. Isso é especialmente importante em uma região trinacional como a nossa, onde os desafios demandam soluções colaborativas e interculturais. Vejo que a UNILA vem cumprindo esse papel.”

Lucca, quando estudante, participou da construção do Projeto Pedagógico do Curso (PPC) de Arquitetura e Urbanismo. “O principal objetivo pretendido para o curso era formar profissionais para ocupar prefeituras das cidades pequenas e médias no interior do território, lugar que ocupo hoje e me sinto muito preparado para estar.”

Na prefeitura, o arquiteto também foi responsável pela elaboração de projetos da Ciclovia da Avenida JK, que integra uma ampla reformulação da via; e da Estação Cultural Haroldo Alvarenga, antiga Câmara Municipal e patrimônio tombado, área onde houve avanços. “Conseguimos avançar com o tombamento de dezenas de bens imóveis de importância histórica e cultural para a cidade, superando quase uma década de atraso para efetivação da Lei de Patrimônio”, diz ele, que também integra o Setor Técnico do Patrimônio Histórico de Foz e o Conselho Municipal de Patrimônio Cultural (Cepac).

Ele espera que Foz do Iguaçu se torne um “exemplo de inovação e integração regional”, uma vez que ocupa posição estratégica na Tríplice Fronteira. “A curto prazo, vejo avanços na implementação de projetos que promovam o bem-estar social, o turismo sustentável e a inclusão cultural. No médio prazo, acredito que Foz pode se consolidar um polo de referência em educação, saúde e economia colaborativa, com maior protagonismo da sociedade civil e parcerias internacionais”, pontua.

Faixa matéria.png

Educação

Antonella2.jpeg
Antonella (terceira a esquerda) com a equipe do CMEI: educação ultrapassa a sala de aula

Nos cursos de pós-graduação, os estudantes avançam mais uma etapa em sua formação e conseguem desenvolver estudos diretamente ligados a sua área e atuação. Pedagoga e ativista dos direitos das pessoas trans e travestis,  Antonella Gessi de Lima tem dois títulos pela UNILA: especialização em Gênero e Diversidade na Educação e mestrado Interdisciplinar em Estudos Latino-Americanos. Ela atua como coordenadora pedagógica no Centro Municipal de Educação Infantil Ramona Rodrigues Dotto.

A dissertação de mestrado de Antonella teve como tema a exclusão escolar de travestis e transexuais. “Os textos que foram utilizados, as aulas ministradas, trouxeram uma reflexão muito grande da importância da igualdade social, principalmente da mudança social. Nós ainda vivemos numa sociedade muito machista, sexista. E a UNILA trouxe uma visão diferente de mundo para mim”, pontua.

A pedagoga explica que o CMEI onde trabalha tem o maior número de crianças imigrantes e a formação que recebeu durante o mestrado também refletiu diretamente em sua atuação no atendimento a essas crianças e a seus pais. “Ali, nós vemos a realidade de pessoas que vêm para o nosso país, refugiados, pessoas que vêm buscar trabalho, uma nova perspectiva de vida e de condições. Por isso, tralhamos muito a questão do respeito e da igualdade social.”

Ela explica que o trabalho em um CMEI vai muito além de apenas cuidar e alimentar. “Existe toda uma condição de preparação para alfabetização dessa criança. E quando isso acontece nós acabamos nos envolvendo também com os problemas da família”, diz. “A gente acaba se envolvendo para tentar mudar essa realidade.” E para isso, avalia ela, a formação do educador é fundamental. “Nós só podemos mudar o futuro a partir do momento em que nós conhecemos a nossa história e o nosso passado para que possamos repensar e recriar uma nova sociedade.”

Para Antonella, a sociedade precisa entender que a função da UNILA não se restringe à formação acadêmica. “A UNILA traz uma formação social, de reflexão. É uma instituição que atende e acolhe a diversidade num contexto geral, traz a representatividade que muitas pessoas não têm.”

Faixa matéria.png

Cultura

João Lirio_06.jpeg
João Lírio: “Tornar possível que todos experimentem a forma artística de lidar com as coisas”

A arte, aliada à educação está no horizonte de João Victor Concer Correa, que adota como nome artístico João Lírio. Formado em Mediação Cultural, Artes e Letras, em 2022, ele tem uma longa lista de trabalhos como mediador cultural, artista e ator, realizando apresentações e oficinas de dramaturgia, de escrita teatral e de teatro. Ele também trabalha há 3 anos como arte-educador no programa Foz Fazendo Arte, onde começou mesmo antes da graduação.

Mas é a união da arte com a saúde que mais atrai João Lírio. “Como arte-educador eu acabei me apegando muito a questões de arte e saúde, de arte e cuidado”, comenta. Seu foco está no cuidado com a saúde mental, atendendo pessoas de todas as faixas etárias, e pessoas com deficiência. Além do Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil (CAPSi), ele também trabalha eu um centro especializado em reabilitação.

Para ele, o trabalho com arte e saúde “é um trabalho muito árvore”. “Você acaba se envolvendo com muitos ramos, muitas raízes. São diversos profissionais que trabalham nesses espaços e que têm muito a oferecer, muitos conhecimentos técnicos, biomédicos, sociais, econômicos e que são muito importantes pra compreender e aprender”, explica. A inserção nessa área, diz ele, traz uma função importante que é “tornar possível que essas pessoas, esses outros profissionais também experimentem a forma artística de lidar com as coisas” e possam propor ações e projetos com essa outra visão. “Isso transpassa pelos profissionais, mas transpassa também pelos próprios educandos que estão acostumados a serem apenas pacientes e acabam se tornando educandos de teatro, acabam se tornando artistas ou artistas em formação.”

João Lírio conta que tem um projeto de pesquisa sobre teatro e acessbilidade. “Pensamos a acessibilidade para pessoas com deficiência mas de uma maneira mais ampla. O que é acesso pra uns pode não ser acesso pra outros”, explica. Ele destaca que o trabalho vai além, abrangendo também família, cuidadores e amigos dos “antes pacientes e agora artistas”. “A gente acaba trabalhando muito a formação de público, um trabalho difícil, mas que dentro da arte-educação se torna orgânico, caminhando junto com a formação dos artistas, porque o trabalho do teatro, especificamente, é um trabalho que vai exigir muito de todos, vai exigir o senso de comunidade, de coletividade, de trabalho colaborativo e de se compreender em coletivo.”

A participação em projetos de extensão, comenta o arte-educador, foi essencial para sua formação. “A extensão te torna mais presente no dia a dia, te torna mais presente da cidade, para perceber as mudanças.” Ele destaca, principalmente, o projeto Poéticas do Entre. “Eu me sinto super apto a trabalhar com arte-educação, com as técnicas, com as trocas e as experiências que eu consegui viver nesses anos junto com o projeto.”

Faixa matéria.png

Desenvolvimento urbano

noelia.jpeg
Noelia: profissionais devem entender impacto de seu trabalho

Como uma universidade internacional, a UNILA também forma profissionais para diferentes países da América Latina. Na vizinha Ciudad del Este, há vários egressos atuando, principalmente, em serviços públicos. É o caso da também arquiteta e urbanista Noelia Paniagua, que trabalha na Municipalidad de Ciudad del Este como chefe da División de Obras Particulares dentro da Dirección de Área Urbana.

Sua função tem foco na supervisão e regulamentação de obras particulares na cidade. “Isso inclui o recebimento e análise de projetos, notificações em casos de faltas, aprovação de construções e garantir que as obras estejam em conformidade com as normas de construção, municipais e urbanísticas”, enumera. Sua intenção é, futuramente, atualizar essas normas em conjunto com uma equipe multidisciplinar. “Nosso objetivo imediato é que as construções respeitem o equilíbrio entre o crescimento urbano, a preservação ambiental e o impacto social”, explica.

Para ela, é essencial a formação de profissionais que possam contribuir com o desenvolvimento da sociedade, principalmente, para o bem-estar social e urbano. “Profissionais bem formados são fundamentais para garantir que as cidades cresçam de forma planejada, com infraestrutura adequada, em equilíbrio com a expansão urbana e soluções que realmente atendam às necessidades dos setores da população historicamente vulneráveis”, aponta.

Para ela, a formação deve preparar profissionais com visão crítica e conhecimentos teóricos “para que sejam capazes de entender o impacto de seu trabalho no território e na sociedade”. “É importante o estímulo à pesquisa e inovação e à formação interdisciplinar para formar pessoas capazes de enfrentar os desafios urbanos. Também vejo a importância de construir pontes entre a academia e a gestão pública, para que os estudantes possam se envolver diretamente com as demandas reais da cidade”.

Noelia diz que foi importante, durante sua formação, interagir com professores e profissionais que são referências em questões urbanas. “A universidade tem a responsabilidade de poder contribuir promovendo uma formação abrangente, que inclua atenção às questões sociais, às questões ambientais, e um olhar mais amplo para as questões macro das nossas cidades.”

Como expectativas para seu trabalho, Noelia espera melhorar a organização e a eficiência dos processos, trazendo maior organização e agilidade ao setor onde trabalha. “E espero que Ciudad del Este seja uma cidade encaminhada para um futuro mais ordenado, com construções que respeitem as normas e promovam o bem-estar coletivo. Uma cidade mais integrada, onde a desigualdade sócio espacial seja progressivamente reduzida. Uma cidade com uma infraestrutura mais sólida e equilibrada, onde o desenvolvimento urbano não apenas atenda às demandas econômicas, mas também considere a qualidade de vida de todos os setores sociais.”

Faixa matéria.png

Rafael.jpeg
Rafael (primeiro a direita):estamos contribuyendo en distintos proyectos de desarrollo

Política e
Relações Internacionais

Rafael Portillo foi aluno da primeira turma do curso de Ciência Política e Sociologia - Sociedade, Estado e Política na América Latina. Hoje é assessor político na Junta Municipal de Ciudad del Este. Para ele, a UNILA vem cumprindo seu papel de bem-formar profissionais para as mais diferentes áreas, mas destaca o trabalho em instituições públicas. “Creo que UNILA ha logrado insertar a muchos graduados en instituciones públicas, privados y sociedad civil. Donde estamos contribuyendo en distintos proyectos de desarrollo”, diz ele. “Principalmente, de los que fuimos la primera turma de 2010, la mayoría estamos en instituciones públicas”, completa.

Graduado em 2015, Rafael é fundador do Observatorio de la Realidad Campesina e Indígena de Paraguay (ORCIP) e permanece conectado a projetos de pesquisa e extensão, trabalhando com estudantes e docentes da UNILA.

Diego: “educação é essencial para transformar comunidades”
Diego: “educação é essencial para transformar comunidades”

Formado em Relações Internacionais e Integração, Diego Ortigoza também trabalha na gestão pública de Ciudad del Este, exercendo, há 3 anos, a chefia da Divisão de Turismo e Relações Internacionais da Municipalidad de Ciudad del Este. “ Acredito que a educação é essencial para transformar comunidades e vejo meu trabalho como uma forma de devolver à sociedade o que recebi. Por meio de ações em turismo e relações internacionais, buscamos o progresso econômico, cultural e social, reforçando o papel de Ciudad del Este como um modelo de cooperação internacional e desenvolvimento sustentável”, afirma.

Ele aponta alguns resultados obtidos com o trabalho que vem desenvolvendo como a implementação do projeto Cultural Point, com a sinalização de pontos turísticos, e iniciativas como a “Navidad del Este”, que promove o turismo sustentável com o uso de ônibus elétricos e parcerias com operadoras de turismo da região da Tríplice Fronteira. “Em relações internacionais, participamos de projetos regionais para a internacionalização da cidade e desenvolvemos iniciativas conjuntas com Brasil e Argentina, como o Observatório Turístico da Tríplice Fronteira”, cita. Ele também destaca avanços em projetos de desenvolvimento urbano e segurança, “colaborando com instituições regionais e globais para posicionar a cidade como um exemplo de integração transfronteiriça e sustentabilidade”.