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Projeto de extensão da UNILA ajuda estudantes de escolas públicas a identificar o bullying

Pesquisadores envolvidos na temática de direitos humanos desenvolveram a cartilha “Bullying não. Respeito, empatia e amizade, sim”
publicado: 17/01/2023 09h51, última modificação: 20/01/2023 16h52

Vamos falar de bullying? O tema costuma ser um pouco tenso para muitas pessoas no ambiente escolar, principalmente para estudantes na fase da adolescência. Foi pensando nisso que um grupo de pesquisadores da UNILA desenvolveu uma cartilha para ser trabalhada com estudantes de escolas públicas da Tríplice Fronteira (do Brasil, Argentina e Paraguai). O material, foi criado nas versões em português e espanhol e está acessível a todos que tenham interesse sobre o assunto, especialmente aos educadores.

Acesse a cartilha versão em português

A cartilha traz conteúdos que podem ser aplicados a estudantes, sugerindo leituras, vídeos sobre o tema e também atividades e dinâmicas de grupo que podem ajudá-los a identificar valores fundamentais para a prevenção do bullying como respeito, empatia e amizade. Também leva todos a refletirem sobre como as pessoas atuam diante do bullying ou do assédio escolar.

O material é resultado de um projeto mais amplo intitulado “De mãos dadas por amplos caminhos”, do qual são desenvolvidos materiais didáticos para a educação em direitos humanos, valores e cidadania. Segundo os participantes, foi realizado um estudo de campo aplicando entrevistas a docentes que atuam nos sistemas escolares da Tríplice Fronteira e a análise das entrevistas revelou a importância de trabalhar esses temas.

Em 2020 o projeto de extensão teve início com a proposta de criar materiais didáticos bilíngues e disponibilizá-los no formato digital, com acesso livre, para que qualquer educador possa utilizá-los. Os pesquisadores destacam que os materiais são trabalhados para a construção de valores e atitudes éticas como o respeito, o diálogo, a democracia, a solidariedade, a empatia, o trabalho em equipe e a resolução conjunta de problemas.

O projeto é conduzido pelos professores da UNILA Waldemir Rosa, Miguel Cristi e Emerson Pereti; os estudantes Fernando Santana, Camila Lazzarini e Luisa Souza Barros; além de participações externas da área de Jornalismo, Direito, Psicanálise e Pedagogia. 

No al bullying. Sí al respeto, empatía y amistad

Bullying: intimidação sistemática, ou assédio frequente, de uma pessoa, ou grupo de pessoas, sobre outro indivíduo. Refere-se à violência intencional, sistemática e repetitiva, seja de forma física, verbal ou psicológica, exercida por um estudante ou grupo, sobre outro.

 A cartilha didática é recomendada para adolescentes a partir de 11 anos e traz elementos para identificar atos de violência, as suas consequências e quais ações permitem evitá-los. “Conhecer e praticar valores como respeito, empatia e amizade é positivo para o nosso próprio ser, das demais pessoas e de toda a sociedade”, ressaltam os organizadores. Em função disso, orientam que para evitar o bullying é necessário que as escolas, como comunidade educativa (docentes, estudantes, famílias), realizem atividades periódicas de conscientização e prevenção.

Em seu conteúdo, o leitor tem acesso ao conceito de bullying, expressão que “é utilizada no âmbito escolar para indicar a intimidação sistemática, ou assédio frequente, de uma pessoa, ou grupo de pessoas, sobre outro indivíduo. Refere-se à violência intencional, sistemática e repetitiva, seja de forma física, verbal ou psicológica, exercida por um estudante ou grupo, sobre outro”. O texto traz, também, as formas mais frequentes de tipos de bullying: físico, psicológico, verbal, sexual, por orientação ou identidade sexual, social ou moral, material, ciberbullying. Vale mencionar que uma pessoa pode ser vítima, simultaneamente, de vários tipos de intimidação.

E é preciso reconhecer o bullying na condição de vítima, mas também na de testemunha, reforçando que é preciso denunciar a ação. Há, ainda, recomendação para o agressor, sugerindo-lhe empatia, humildade e a busca por ajuda psicológica. E que em todas essas situações, é importante reconhecer a necessidade de um acompanhamento profissional por parte de psicopedagogo, psicólogo ou psiquiatra, além de ter apoio de pessoas próximas, em especial da família.

O bullying e a proteção por meio de lei

Segundo o relatório da UNESCO intitulado “Violência escolar e bullying: informe sobre a situação mundial”, aproximadamente um de cada três estudantes, no mundo, é vítima de bullying. No Brasil, a Lei 13.185, de 2015 - “Programa de Combate à Intimidação Sistemática (Bullying)” - define o que é, os tipos e algumas ações de prevenção, como “promover a cidadania, a capacidade empática e o respeito a terceiros”.

Além disso, estipula que todos os municípios devem “promover medidas de conscientização, prevenção e combate a todos os tipos de violência, com ênfase nas práticas recorrentes de intimidação sistemática (bullying), ou constrangimento físico e psicológico, cometidas por alunos, professores e outros profissionais integrantes da escola e comunidade escolar”. E estabelece que é dever da instituição de ensino “assegurar medidas de conscientização, prevenção, diagnóstico e combate à violência e à intimidação sistemática''.

Como evitar o bullying

De acordo com a cartilha, essas são as ações mais recomentadas: 

● Trabalhar a temática do bullying em sala de aula, gerando espaços participativos e de diálogo. Por exemplo, a partir de assembleias ou exercícios de autoconhecimento.
● Demonstrar sempre um claro rechaço diante de atitudes violentas e injustas.
● Pautar o tema nas reuniões entre docentes, pais e mães, para aprender a reconhecer quando o bullying se apresenta.
● Sensibilizar toda a comunidade escolar sobre os efeitos negativos desta violência, na vítima, no agressor e na comunidade escolar.
● Trabalhar o respeito, a empatia e a amizade como valores essenciais para a convivência positiva.
● Criar projetos que envolvam aos e às estudantes na prevenção e detecção dos diversos tipos de bullying.
● Agir imediatamente diante de uma situação de bullying. As vítimas não podem esperar.