Extensão
FeCult aproxima UNILA à comunidade e celebra diversidade cultural
Em mais uma edição, o Festival de Culturas da UNILA (FeCult) promoveu uma maratona cultural que uniu não apenas a comunidade universitária, mas a população de Foz do Iguaçu e da região trinacional. Em apenas cinco dias, foram 76 atrações – como apresentações de música, dança, teatro e cinema, além de desfile de moda, oficinas, exposições e atividades voltadas à literatura e à gastronomia. Com mais de 60 horas de programação, o evento não apenas comprovou o caráter diverso da Universidade, mas ampliou sua abrangência, se aproximando ainda mais da população. Nesta edição, o FeCult teve como tema “Arte, Ciência e Território – Por uma Cultura Sustentável” e integrou as comemorações dos 15 anos da UNILA.
Além da unidade Jardim Universitário (JU) e do campus Integração, o festival percorreu vários espaços da cidade, como a Estação Cultural Haroldo Alvarenga, no centro; o Mercado Barrageiro, Sesc, Senac, Sest/Senat e a sede da organização “Um chute para o futuro” – todos na região norte – e o Iate Clube Cataratas, às margens do Rio Paraná. Para a reitora Diana Araujo Pereira, esta maior amplitude do evento é “fundamental para que se consiga derrubar os muros que prendem a universidade num espaço como se fosse fora da realidade, fora do território”, analisa. “A gente precisa cada vez mais estar presente no território, comunicar, se comunicar, dialogar com a comunidade, porque é nesse ir e vir da Universidade com a comunidade, com a cidade, com a fronteira, com a América Latina e o Caribe, que a gente de fato vai consolidar nossa missão institucional”, justifica Diana.
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Pró-reitora de Extensão, Andreia Moassab vê essa maior presença com uma ótica semelhante. Segundo ela, essa maior aproximação com a comunidade e com a região é fruto de uma série de convergências e de articulações pelo território e do envolvimento desses parceiros. Este foi o caso do apoio do Convênio Linha Ecológica, Conselho dos Lindeiros e Itaipu Binacional, que possibilitou a exposição "Bordado: Memórias Afetivas do Oeste Paranaense", de Ronaldo Moreira, que integrou a programação do FeCult no SESC. Estas convergências possibilitaram, também, a presença do trabalho do fotojornalista Christian Rizzi, com a exposição “Cores da Resistência”, e a exibição do filme “Notas sobre um Desterro”, de Gustavo Castro. Ambos, exposição e documentário, abordam a questão palestina.
“De fato, é a UNILA que sai de dentro dos muros e fortalece, ao mesmo tempo, a comunidade local e a Universidade. E é um momento também importante de qualificação dos artistas unileiros. Nossos alunos vão, cada vez mais e a cada ano que passa, melhorando e se fortalecendo na sua própria manifestação artística”, pondera.
Presente no evento, Fábio Riani Costa Perinotto, coordenador-Geral de Orientação e Capacitação a Estados, Distrito Federal e Municípios do Ministério da Cultura foi além. Para ele, coincidentemente o FeCult representou dois marcos: os 15 anos da UNILA e os 21 anos de políticas culturais, implantadas no primeiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2011). “Acho que algumas questões importantes para a gente comentar, é dizer do que temos construído quando falamos de cultura, principalmente de cultura e território, um dos temas que nos atravessam nessa programação”, pontuou. “É inevitável reforçar algumas questões que ocorreram nas primeiras gestões do próprio governo Lula, quando, no Ministério da Cultura, houve processos de políticas e programas que conduziram as transformações sociais”, complementou.

- Fábio Perinotto, do Minc: FeCult como marco dos 15 anos da UNILA e dos 21 anos de políticas culturais
Atrações
Promovido pela Pró-Reitoria de Extensão (PROEX), o FeCult é precedido por uma seleção criteriosa, visando compor sua programação. Para esta edição, a curadoria selecionou as propostas de um universo de 99 inscrições. A elas, se somaram nove atrações e personalidades convidadas. Para se ter uma ideia do público alcançado pelo evento, apenas as oito exposições de artes visuais receberam cerca de 700 pessoas em cinco dias. Acadêmico de Engenharia de Energia, Adrian Echart não planejava ir ao festival, mas acabou cedendo a um convite do irmão. Chegando ao JU, foi surpreendido pela variedade de atrações. “Me surpreendeu a quantidade de música que escutei. São gêneros que não estou acostumado e eu gostei muito. Foi muito divertido”, contou. Além da música, Echart considerou a energia do público um diferencial: “Ver as pessoas tão felizes, dançando, foi bastante emocionante. Tanto que quero seguir dançando, até que acabe o evento”, brincou.

A diversidade não se restringiu às apresentações no palco, mas também às oficinas, como a ministrada por Priscila Cobra, do Pará. No curso, além de ensinar como tocar os instrumentos típicos do carimbó, Priscila abordou aspectos culturais e históricos dessa manifestação cultural, reconhecida como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) desde 2015. “Isso é riqueza. Riqueza cultural, riqueza na diversidade, várias línguas, várias estéticas, linguagens, muitas pessoas cheias de alegria, um momento muito especial de celebrar, de resistir. A gente sabe que a América Latina se integra nessa pluralidade e a UNILA representa isso e eu senti isso no FeCult o tempo inteiro”, contou.
Espaços
A diversidade de espaços e de ações também foi a tônica desta edição. A começar pelo cortejo em defesa dos rios, das águas e das artes, conduzido pelo coletivo argentino Remar Contracorriente, que abriu a programação do festival. A performance chama atenção para a defesa dos rios e do manejo sustentável dos recursos naturais e da proteção dos territórios. Essenciais para a conservação da biodiversidade e para o combate às mudanças climáticas. “Desenvolvemos um trabalho dentro do movimento Cuidadores de La Casa Común. Inspirado na Laudato Si’, do papa Francisco, sua famosa encíclica ambiental, que se concentra nos problemas do mundo extrativista aos quais estamos expostos”, explicou Hugo Martina, do Remar Contracorriente.

Organizado com apoio logístico da Marinha do Brasil, o cortejo com embarcações trouxe para o festival a exposição “La violencia en el espacio”, de Pamela Colombo e Carlos Salamanca. O ato simbólico, nas águas do Rio Paraná, uniu duas partes da mostra, que se encontrava dividida em exibições na Argentina e no Paraguai. A chegada do cortejo, no Iate Clube Cataratas, reuniu artistas e líderes comunitários, entre outros.

- Denise Stoklos leu a peça “Um fax para Colombo”

Stoklos
Seguindo a mesma linha diversa, o FeCult trouxe ainda a atriz, dramaturga e ensaísta Denise Stoklos – um dos expoentes do teatro brasileiro – que leu a peça “Um fax para Colombo” (1992). A obra, crítica à colonização da América Latina, nas palavras de Denise, reflete sobre o que o navegador trouxe para o continente e deixou como herança. Segundo ela, falar em cultura é falar de realidades. “Negar essas expressões é negar povos. É negar o ser humano”. Ao analisar este quadro, Denise pondera que a luta dos que estão mais conscientes da sua própria humanidade é fazer com que todos tenham interesse pela área. “É por isso que eu festejo tanto a UNILA nas suas atividades e nas suas ações culturais de tanta importância”, destaca. “Aqui se faz realmente um voto ferrenho à cultura com todas as suas ações. Desde o seu próprio princípio, como universidade internacional. Recebendo estudantes que trazem em si histórias de povos completamente únicas e diferenciadas”.
Colaboraram:
Imagens e entrevistas: Rodrigo Moreira Birck
Fotos e imagens aéreas: Moisés Bonfim
Bolsistas LabCom – Laboratório de Comunicação: Maria Luiza Rodrigues Gonzaga; Ingrid Lopes de Souza; Melanie Erai Morales Paz; Maria Eduarda de Oliveira


