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Equipes da UNILA e da UFPB lançam cartilha sobre comunidade quilombola

“Aprendendo com os quilombos de Coremas”, cartilha disponível também na versão digital, retrata a vida das comunidades quilombolas
publicado: 25/01/2022 11h58, última modificação: 27/01/2022 08h19

O projeto de extensão "Observatório Antropológico: ação social e comunicação com povos tradicionais e periferias urbanas" é resultado de um trabalho coletivo, desenvolvido por educadores e crianças quilombolas da região de Coremas, no alto sertão da Paraíba. Realizado em parceria entre a UNILA e UFPB, a ação contou com colaboradores e criou a cartilha didática “Aprendendo com os quilombos de Coremas”, que traz um pouco das histórias contadas por anciãos quilombolas daquela região, sobre suas trajetórias e seus territórios.

A cartilha, também disponível no formato digital, traz brincadeiras, atividades de língua portuguesa e de matemática para crianças, e procura contribuir para uma educação que promova práticas antirracistas e valorize a cultura quilombola a partir do Sertão Paraibano, como conta coordenadora do projeto, Patrícia dos Santos Pinheiros, professora visitante do curso de Desenvolvimento Rural e Segurança Alimentar da UNILA.

O projeto, especialmente pensado para ser realizado com ações desenvolvidas como reação à pandemia por Covid-19, contou com o apoio financeiro do Instituto Phi, tanto para a produção da cartilha quanto para as atividades de acompanhamento escolar durante o ano passado. Educadores envolvidos no projeto conversaram com pessoas da região, que contaram um pouco da história quilombola de Coremas. A escolha do conteúdo que compõe a cartilha foi feita a partir das discussões com todos os envolvidos.

“Em mais de uma década trabalhando com ações com quilombos das regiões Sul e Nordeste, eu nunca tive a oportunidade de elaborar uma cartilha tão participativa como essa. Foi um processo muito rico de aprendizagem, com um compartilhamento de autoria real, formulando e reformulando cada exercício, texto e imagem, em encontros semanais, durante quase um ano inteiro”, conta a coordenadora do projeto.

Alguns exemplares da cartilha foram distribuídos na versão impressa para as comunidades envolvidas, ainda em número limitado, em função da disponibilidade de recursos. “A elaboração da cartilha proporcionou uma metodologia de construção de conteúdo compartilhado, que pode ser replicada em outros locais - que é exatamente o que estamos pensando neste momento para outros quilombos do país”, diz Patrícia.

A União das Comunidades Quilombolas de Coremas (Unequico) reúne três quilombos naquele município e promove ações de fortalecimento comunitário, de geração de renda e de educação, para a melhoria da vida no Sertão Paraibano. E, para contar as histórias dessa gente, foram convidados alguns personagens bem conhecidos do local. O projeto iniciou na Paraíba, em 2020, e foi expandido para o Paraná no ano seguinte, contando com a participação de oito estudantes da UNILA, entre brasileiros e colombianos.

“Os estudantes da UNILA desenvolveram metodologias de extensão, trocaram ideias e reflexões sobre diversidade, soberania alimentar, direitos territoriais e puderam relacionar com as suas próprias realidades, formando um ambiente rico de integração e reflexão crítica sobre alteridade”, explica a Patrícia. Todo o projeto foi realizado a partir de diferentes frentes, sendo consideradas como principais as de ação social (geração de renda), comunicação (criação de podcasts), educação e gestão territorial.

Horta comunitária no Arapy

Além da participação dos estudantes na organização do conteúdo da cartilha, a coordenadora do projeto explica que também houve atuação deles em Foz do Iguaçu, na horta comunitária Arapy (no bairro Jardim Nova Andradina). Trata-se de outra frente do projeto, relacionada à gestão ambiental e soberania alimentar, com a realização de mutirões semanais para limpeza e plantio da terra, em parceria com o coletivo Colmena.

“Com esse projeto, valorizamos a presença no Arapy, lugar onde muitos dos estudantes da UNILA e pessoas da comunidade tiveram um interesse por manter ativo aquele espaço, com os mutirões e plantio, para que haja um impacto social positivo para a comunidade que está ali perto e para os estudantes que trabalham lá”, aponta o relatório do projeto, aprovado no início deste ano. Em 2021, houve uma significativa colheita de legumes, verduras e frutas para a comunidade, todos totalmente orgânicos. Assim, a comunidade ganha com soberania alimentar, com a oportunidade de autogestão, além de desenhar o espaço em coletividade.