Institucional
Em live, IELA avalia atuação e o alcance da interdisciplinaridade
Relembrar os caminhos trilhados pelo Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar de Estudos Latino-Americanos (IELA) e avaliar sua atuação olhando para o futuro foram temas do primeiro encontro virtual “Perspectivas Latino-Americanas – Práticas interdisciplinares e saberes em trânsito”, que reuniu docentes do programa e egressos. A live está disponível a partir desta quinta-feira (13), no canal da UNILA no YouTube, e faz parte de uma série de lives que serão disponibilizadas nas próximas semanas.
O IELA é o primeiro mestrado da UNILA aprovado pela Capes, em 2013, com início de funcionamento no ano seguinte. Hoje, com 28 docentes, o programa já formou 41 mestres brasileiros e 25 hispano-americanos. Em 2018, o programa passou por uma reestruturação, quando foi criada a terceira linha de pesquisa.
Comandada pela coordenadora do Programa, Diana Araújo Pereira, a live contou com a participação dos professores Andrea Chiachi, Laura Amato e Cristiane Checchia, que falaram sobre cada uma das linhas do IELA: “Trânsitos culturais”, “Práticas e saberes” e “Fronteiras, diásporas e mediações” (criada em 2018). Três egressos do programa também deram depoimentos sobre suas experiências como estudantes: Helena Antunes de Moraes, Iana Couto e Carlos Arroyave Ramires.
Graduada e mestre em História, Cristiane Checcia tem doutorado na área de Letras, e essa diversidade de formação foi o que a levou para o IELA no momento de escolher o programa de pós-graduação para sua atuação. “O IELA foi o programa que me chamou a atenção imediatamente pelo caráter interdisciplinar, com o qual eu me identifico muito”, comentou. Atuando no programa há um ano, Cristiane considera-se uma “caloura”, mas diz que chegou num bom momento: “no momento em que o programa está olhando para si” e fazendo sua autoavaliação.
A divisão por linhas de atuação, para ela, ajuda a estabelecer “uma espécie de curadoria do conhecimento, da produção que está sendo feita no programa”. Falando sobre “Trânsitos culturais”, ela diz que é preciso chamar a atenção para o próprio nome da linha, que “acompanha uma tendência da área das humanidades a partir das interações, dos fluxos, das mediações, das mobilidades entre culturas, entre sujeitos, entre línguas, entre distintas linguagens artísticas e da comunicação”, e que é preciso prestar mais atenção aos movimentos mais amplos nas Ciências Humanas.
Para ela, a linha “Trânsitos Culturais” tem muitos “pontos de confluência” com a linha “Fronteiras, Diásporas e Mediações”. “Se formos desenhar uma especificidade na linha Trânsitos Culturais, aparentemente, teremos aí uma atenção maior para as linguagens ou para os produtos e produções culturais”, pontua.
“O IELA me proporcionou uma ruptura de perspectiva enquanto pesquisadora que foi muito interessante. Esse olhar para a América Latina e para a perspectiva interdisciplinar foi muito rico." Iana Couto, egressa
A professora Laura Amato concorda com o fato de as duas linhas de pesquisa serem semelhantes. Para ela, a diferença é que a linha de "Trânsitos Culturais" pode receber estudos mais amplos, que não precisam estar limitados à região, como propõe a linha "Fronteiras, Diásporas e Mediações". Ela explica que a nova linha de pesquisa nasceu “do transbordamento” do que estava proposto na linha “Trânsitos Culturais”, que reunia inicialmente professores com formação na área de Letras e Antropologia. “Não conseguíamos mais pesquisar aquilo que estávamos pesquisando, aquilo que a nossa formação nos deu. O nascimento dessa nova linha veio da reformulação do programa, desse novo olhar para si do programa.”
Do texto que descreve a linha Fronteiras no site do programa, ela destaca trechos chaves: práticas e processos de mediações socioculturais com pesquisas sobre práticas decoloniais e o transbordamento do limite do estado-nação.
Em sua apresentação sobre a linha de pesquisa “Práticas e Saberes”, o professor Andrea Ciachi fez um retrospecto da criação dessa linha por um grupo de docentes vindo de diferentes áreas: História, Antropologia, Geografia, Pedagogia e Filosofia.
Ele lembrou que a divisão de linhas de pesquisa é uma exigência da Capes que os programas são obrigados a respeitar, mas que “nem sempre, principalmente na área de humanas, isso faz totalmente sentido”. Ele lembrou também que o grupo que formatou a linha de pesquisa tinha poucos interesses em comum, “do ponto de vista não só das temáticas adotadas, mas de histórias disciplinares, epistemológicas, e de escolhas teóricas e metodológicas”, ao falar sobre as dificuldades de formatação de um programa interdisciplinar a partir da formação disciplinar de seus docentes. “É remar contra os nossos próprios passados, o que, convenhamos, nem sempre é uma tarefa fácil, nem do ponto de epistemológico nem do ponto de vista psicológico.” Para ele, são os estudantes quem mais ajudam a dar ao programa o caráter interdisciplinar.
“O grande diferencial do IELA é essa riqueza da interdisciplinaridade que provém da troca com os outros estudantes, não só de outros países, mas de outras regiões e outras formações. Isso é muito enriquecedor.” Helena Moraes, egressa
Para exemplificar, ele apresentou uma lista das diferentes áreas de formação dos estudantes do programa e o tema de 36 dissertações de mestrado, das quais 28 não têm caráter comparativo entre países e apenas 2 se dedicam a temas mais amplos relacionados à América Latina. Para ele, a análise de temas sob uma perspectiva comparada deve ser objeto para reflexão pelos docentes do programa.
Egressas do IELA, Helena Moraes e Iana Couto falaram da “riqueza da interdisciplinaridade” que o programa oferece e também das dificuldades que isso implica, lembrando que muitos concursos para docentes exigem uma formação disciplinar. “São barreiras que precisam ser rompidas”, afirma Iana.
Carlos Arroyave, que é colombiano e da primeira turma do IELA, falou sobre sua experiência como estudante do programa e sobre como a interdisciplinaridade obriga a mudanças na forma de pensar os temas e assuntos estudados. “Existem outras lógicas, outras maneiras de entender o mundo. Esta experiência para mim foi reveladora de todos os pontos de vista”, afirmou.