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Toque de recolher e impeachment: entenda a crise política no Peru

Presidente Pedro Castillo sofreu duas tentativas de afastamento do poder pelo Congresso peruano em apenas oito meses de mandato

Internacional|Lucas Ferreira, do R7

Presidente do Peru, Pedro Castillo, sofre forte pressão popular
Presidente do Peru, Pedro Castillo, sofre forte pressão popular Presidente do Peru, Pedro Castillo, sofre forte pressão popular

O presidente do Peru, Pedro Castillo, batalha dia após dia para continuar no comando do país. Em apenas oito meses de mandato, o líder peruano já sofreu duas tentativas de impeachment e deixou de ser a esperança do povo para se tornar um pária.

Em entrevista ao R7, o diretor do Ilaesp (Instituto Latino-Americano de Economia, Sociedade e Política) Fábio Borges acredita que Castillo não conseguirá terminar o mandato no poder.

“Castillo tem mais chances de não terminar o mandato do que terminar, em minha opinião. Agora não consegue governar, está apenas tentando sobreviver”, conta Borges.

Na última semana, Castillo impôs um toque de recolher em Lima para controlar as manifestações contra o aumento do custo de vida no país, em especial os combustíveis. Na visão do diretor do Ilaesp, o movimento do presidente peruano foi um “tiro no pé”.

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“Seja de direita ou de esquerda, os protestos geraram temor diante do rechaço popular a seu governo. A lei marcial foi um tiro no pé, uniu todo mundo contra ele. A data escolhida foi péssima, 5 de abril, o mesmo dia em que [Alberto] Fujimori fechou o Congresso.”

Fujimori, citado por Borges, governou o Peru por dez anos (1990-2000) e foi condenado em 2009 a 25 anos de prisão por crimes contra a humanidade. O ex-presidente foi acusado de ligação a um esquadrão que sequestrava e matava guerrilheiros de esquerda no país na década de 1990.

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A democracia peruana continuou se enfraquecendo nos anos seguintes, com quatro presidentes acusados de participação em esquemas de corrupção da empresa brasileira Odebrecht: Alejandro Toledo (2001-2006), Alan Garcia (2006-2011), Ollanta Humala (2011-2016) e Pedro Pablo Kuczynski (2016-2018).

“A instabilidade é terrível no Peru, tanto pela baixa institucionalidade quanto por suas elites, que não se sensibilizam com as demandas populares em um dos países mais desiguais e com trabalho informal na região”, explica Borges.

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Caos no governo Castillo

Manifestações no Peru fizeram governo ordenar toque de recolher na capital, Lima
Manifestações no Peru fizeram governo ordenar toque de recolher na capital, Lima Manifestações no Peru fizeram governo ordenar toque de recolher na capital, Lima

A esperança que Castillo deu ao povo peruano ao ser eleito foi rapidamente extinta pelas ações como presidente. Após assumir o cargo em julho, o governante já trocou o gabinete ministerial em quatro oportunidades.

O atual chefe de gabinete de Castillo, Aníbal Torres, foi centro de uma polêmica fala na última semana, ao elogiar o projeto de estradas implementado por Adolf Hitler na Alemanha nazista. O pensamento de Torres gerou repúdio, inclusive, na embaixada alemã em Lima, capital do Peru.

“[Castillo] faz qualquer concessão para se manter no poder. Desagrada tanto à direita quanto à esquerda com notável incapacidade de governar. Ele escolhe pessimamente seus ministros, puramente por afinidades pessoais. Essas pessoas [causam] polêmicas por incompetência para o cargo ou histórico de corrupção.”

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Borges também explica que o Peru tem um mecanismo constitucional conhecido como “questão de confiança”, que permite que o presidente seja deposto por incapacidade moral. Castillo, por sua vez, também pode dissolver o Congresso, tornando a democracia do país muito sensível.

“O Congresso consegue ser mais impopular que o Castillo, o que reforça o movimento que se vão todos. Descrédito na política e nos políticos”, conclui Borges.

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