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Vida Universitária

UNILA e Prefeitura farão exames para detectar Covid-19, no Hospital Municipal

Instituições estão na última etapa do processo de habilitação com o Lacen, e previsão é testar até 200 pacientes por dia ainda no mês de abril
publicado: 17/04/2020 14h44, última modificação: 24/04/2020 18h39

Uma parceria entre a UNILA e a Prefeitura de Foz do Iguaçu permitirá fazer os exames para detectar a Covid-19, no Laboratório do Hospital Municipal Padre Germano Lauck (HMPGL), ainda no mês de abril. A Universidade transferiu os equipamentos do Laboratório de Pesquisa em Ciências Médicas para o Laboratório Municipal. Já a Prefeitura, por meio da Fundação Municipal de Saúde, fez a compra dos insumos necessários para os testes. Assim que os insumos chegarem a Foz do Iguaçu, será realizada a última etapa de habilitação junto ao Laboratório Central do Paraná (Lacen). A expectativa é que, ainda no mês de abril, as equipes do Hospital e da Universidade comecem a fazer os testes que identificam o novo coronavírus.

Durante visita do prefeito Chico Brasileiro, a professora Maria Leandra Terêncio explica funcionamento do laboratórioO Laboratório de Biologia Molecular do Hospital Municipal terá capacidade para testar 200 pacientes por dia, 100% pelo SUS. Como o HMPGL é o hospital de referência na região, ele poderá fazer exames para todos os municípios da 9ª Regional de Saúde. O tempo estimado para sair o resultado é de três horas. “É um esforço para otimizar os recursos hospitalares disponíveis, pois permite o isolamento de coorte para pacientes, aumentando a capacidade de resposta, além de facilitar estratégias de supressão da pandemia pelo isolamento de pacientes infectados com sintomas leves a moderados”, afirma a professora do curso de Medicina Maria Leandra Terencio, responsável pela implantação dos testes.

De acordo com informações da Prefeitura, o investimento nos insumos foi de R$ 700 mil e o município receberá 2 mil kits por semana. Os exames serão realizados por servidores docentes e técnicos da UNILA e por funcionários do Laboratório Municipal. “A UNILA também está fazendo treinamentos para capacitar a equipe. Nosso objetivo é trabalhar como uma equipe única no diagnóstico do coronavírus”, complementa Maria Leandra. O Laboratório do HMPGL, classificado como nível de biossegurança 2 (NB2), já conta com duas salas que serão destinadas exclusivamente para os exames de detecção da Covid-19: uma sala de pré-amplificação, utilizada para a manipulação do vírus e de reagentes; e uma sala de amplificação e pós-amplificação, utilizada para equipamentos de diagnóstico e análises. Além disso, possui salas de paramentação exclusivas para a equipe que irá atuar nesses exames, visando garantir os cuidados necessários com biossegurança e EPIs.

O prefeito Chico Brasileiro ressaltou a importância da parceria entre Universidade e poder público municipal no combate à pandemia do novo coronavírus. “A UNILA colocou à disposição todo seu aparato institucional, que está se dedicando a elaborar, pesquisar e apresentar alternativas. O reconhecimento tem que ser público, porque estamos tendo uma contribuição significativa neste momento crítico que Foz do Iguaçu está vivendo”, pontuou.

Como é feito o exame

Exame utiliza técnicas de biologia molecular para fazer uma busca minuciosa pelo material genético do Sars-Cov-2

Os exames que serão realizados pela UNILA e o Hospital Municipal são do tipo RT-qPCR (sigla em inglês para Reação em Cadeia da Polimerase com Transcrição Reversa), que utiliza técnicas de biologia molecular para fazer uma busca minuciosa pelo material genético do Sars-Cov-2 nas amostras de secreção nasal e oral dos pacientes.

Depois de coletadas as amostras, a primeira etapa do exame é extrair o material genético do vírus, o RNA, em cabines de biossegurança. Todo o processo de extração do material genético leva cerca de uma hora. Depois disso, o RNA de cada paciente é misturado a reagentes que fazem a detecção da presença do vírus nas amostras. “Fazemos isso utilizando um método de única etapa, combinando a enzima transcriptase reversa, responsável pela transcrição do RNA viral em DNA ”, explica a professora Maria Leandra Terencio.

Se o paciente for positivo para a Covid-19, ocorrerá a amplificação do material genético das amostras, que será detectado por um equipamento chamado Termociclador com sistema de detecção de PCR em tempo real. “As amostras são amplificadas exponencialmente em 40 ciclos de temperatura. Ao final, se os pacientes forem positivos para Covid-19, teremos milhões de cópias da região viral de interesse. Com uma sonda também complementar ao vírus, o Termociclador consegue verificar se o conteúdo molecular do material corresponde ao do agente infeccioso da Covid-19”, salienta. O Termociclador PCR em Tempo Real mostra, em aproximadamente 25 minutos, quais as amostras que testaram positivo para o novo coronavírus e quais deram negativo.

A secretária de Apoio Científico e Tecnológico da UNILA, Solange Aikes, que já trabalhou no Laboratório Municipal, será a responsável pelo controle de qualidade dos procedimentos e fluxos executados pela equipe da Universidade. “Estamos implantando toda a parte de rastreabilidade dos procedimentos e fluxos dos exames, exigidos pela Anvisa e pela Vigilância Sanitária. Ou seja, estamos definindo como serão os registros e produzindo os procedimentos operacionais padrão que deverão ser seguidos desde a chegada da amostra até a divulgação do resultado”, contou. 

Processo de habilitação

A UNILA foi a primeira instituição pública a solicitar o credenciamento para fazer os exames de identificação do UNILA transferiu equipamentos do Laboratório de Pesquisa em Ciências Médicas para o Laboratório Municipalnovo coronavírus no Paraná. Um decreto do governo do Estado, de 18 de março, estabeleceu os critérios para habilitação de novos laboratórios, como medida de enfrentamento da emergência de saúde pública do coronavírus. Para o credenciamento, é necessário comprovar a existência de biologista molecular com experiência, informar ao Lacen a metodologia adotada e possuir instalações de nível de segurança 2 para manipulação de amostras, além de disponibilidade de EPIs. “Após essa parte, que é basicamente documental, é necessário enviar cinco amostras que testaram positivo para a Covid-19 para o Lacen fazer a contraprova e garantir que o Laboratório tem as condições de fazer um teste com resultado fidedigno. É essa última etapa que conseguiremos cumprir com a chegada dos reagentes”, comenta Leandra.

Uma vez habilitado, o Laboratório deverá informar diariamente os resultados dos exames de Foz do Iguaçu para o Centro de Informações Estratégicas e Respostas de Vigilância em Saúde do Estado do Paraná (CIEVS). Amostras de casos graves também deverão ser, obrigatoriamente, enviadas ao Lacen.

Para implantar os exames em Foz do Iguaçu, representantes da UNILA estiveram na sede do Lacen, em Curitiba, conferindo os protocolos que serão adotados no Laboratório Municipal. “Foi muito importante acompanhar o fluxo de todo o trabalho, desde a recepção das amostras até a emissão de laudos. Ter conversado com quem realmente está ali no dia a dia nos tirou muitas dúvidas, nos trouxe muitas ideias e abriu um canal muito importante de comunicação com eles, que, neste momento, são nossa referência”, coloca a técnica em laboratório Priscilla Ramos.

Outras ações de combate à Covid-19

No Jardim Universitário, pesquisadores trabalham na produção de álcool glicerinado para o sistema público de saúdeO reitor da UNILA, professor Gleisson Brito, salienta que a Universidade está empenhada em implantar ações e projetos de enfrentamento à pandemia de coronavírus, de forma conjunta com o poder público municipal e outros atores sociais do município. “Depois da restrição da circulação, uma das medidas mais importantes apontadas pelos órgãos de saúde para a contenção desta pandemia é a testagem. A UNILA tem uma capacidade de auxiliar nesse processo, já que temos know how, equipe técnica e ferramentas para fazer os testes de PCR em tempo real. A implantação desses exames com a Prefeitura é um exemplo claro do poder do trabalho em conjunto. A UNILA tem tido uma participação protagonista, interagindo com diferentes atores e buscando proativamente articular as ações com o objetivo de melhorar a capacidade do nosso município em enfrentar a Covid-19”, reforça.

Segundo Brito, o Ministério da Educação já sinalizou que poderá aportar recursos adicionais voltados à aquisição de reagentes, para ampliar o número de testes, e também para investimento em outros projetos da Universidade. Além dos exames, integrantes da comunidade universitária estão produzindo álcool glicerinado para distribuição na rede pública de saúde e também trabalham em um protótipo de respiradores hospitalares. Docentes e discentes também atuam na Central Telefônica que monitora os casos suspeitos e no novo projeto de Telemedicina do município. A UNILA está colaborando, ainda, com infraestrutura, por meio da cessão de quatro veículos oficiais e uma ambulância para a Secretaria Municipal de Saúde. O Alojamento Estudantil também foi colocado à disposição do poder público municipal, para futuras ações de enfrentamento à Covid-19.